Ars brevis Vita longa é uma série audiovisual sobre o fazer artístico, dentro de uma perspectiva de que a arte é um processo de transcendência. A produção é livre e despretensiosa: afinal, a arte é breve e a vida é eterna.

A Arte é uma afirmação de que a vida é eterna (que tudo se transforma) – é um instrumento da vida.

A Vida permeia a Arte, mas a arte sem a vida é estéril.

As palavras do belo aforismo de Hipócrates (Vita brevis, ars longa) foram deslocadas com a intenção de evidenciar essa questão. Citamos o original:

A arte é breve a vida é eterna. A Arte pode curar? Foi com essa pergunta que decidi investigar com maior profundidade o fazer/sentir artístico e suas diversas nuances. Nesse caminho, fui recebido por diversos artistas e suas impressões sobre o ofício. Na busca por indicações que representassem esta cura, reencontrei a gravura através desses artistas, e ao gravar essa série, regressei às raízes da expressão e da técnica: o retorno ao laboratório como processo pedagógico, de crescimento, silêncio e oração. O foco no fazer. Alquimia* nos tempos da tecnocracia e da distração. Esta técnica de expressão (a gravura) tem uma raiz profunda na cultura democrática e na disciplina que resiste entre os ruídos luminosos dos ecrãs. Trazer estas memórias através dos ecrãs é utilizar a vida como pano de fundo onde o meio (tecnologia) é apenas uma ferramenta para resgatar a prática e a vivência desta técnica que nos coloca no tempo da vida. Sincroniza o relógio biológico com o relógio do cosmos. Na gravura podemos constatar como inerente o fator entrópico, caótico, inesperado. Um procedimento que exige paciência e perseverança, um processo semelhante a vida. Como a matriz e a cópia, um espelho da intenção / vontade.

“Parece que, no ato de arranhar, escavar, corroer, entintar, prensar, manipular o material de todos os modos, no envolvimento total, o artista está, de fato, burilando a própria personalidade.”  Thelmo Olisar *

A arte, portanto, pode ser um caminho para a cura quando buscamos este burilar. As imagens comunicam muitas coisas que as palavras não podem expressar. Na série, o que pode parecer comum, se torna divino. Vindo desse lugar inatingível / ininteligível.
O lugar da arte.
Esta série é um respiro entre o fluxo interminável de imagens desse tempo.

A questão é inesgotável: a Arte pode curar?

* Alquimia onde o Laboratório e o oratório eram atividades que não havia como pensá-las em separado.