(Série Documental em 3 Episódios)

A Vida permeia a Arte, mas a arte sem a vida é estéril.

As palavras do belo aforismo de Hipócrates (Vita brevis, ars longa) foram deslocadas com a intenção de evidenciar essa questão. Citamos o original:

“A arte é breve, a vida é eterna.” Invertendo o clássico aforismo de Hipócrates, esta série é uma profunda investigação sobre o fazer artístico como processo de transformação e labor. Em um tempo dominado pela tecnocracia e pela distração, voltamos à essência da gravura, buscando o sentido no foco no fazer.

A série mergulha no laboratório da gravura — a técnica que exige paciência, silêncio e disciplina. Acompanhamos três artistas singulares — Atalie Rodrigues, Ivo Indiano e Salete Mulin — em seus ateliês. Do arranhar da matriz à sua impressão, o processo revela uma alquimia: o ato de burilar a chapa é um ato de burilar a própria personalidade.

Através da persistência, da disciplina da permanência e da transformação da matéria, testemunhamos como o fator entrópico e inesperado da gravura sincroniza o artista com o “relógio do cosmos”, afirmando a arte como um instrumento vital de resistência e renovação no tempo da vida.

“Parece que, no ato de arranhar, escavar, corroer, entintar, prensar, manipular o material de todos os modos, no envolvimento total, o artista está, de fato, burilando a própria personalidade.”  Thelmo Olisar *

 

A arte, portanto, pode ser um caminho para a cura quando buscamos este burilar. As imagens comunicam muitas coisas que as palavras não podem expressar.
Esta série é um respiro entre o fluxo interminável de imagens desse tempo.